Por uma Síria Livre e Democrática, sem interferência reacionária e Imperialista! Protejam Rojava!

19-12-2024

Após 13 anos de guerra sangrenta na Síria, a 7 de Dezembro chegou ao fim o domínio do regime de Assad na Síria. Enquanto os protestos de massas contra o regime, que começaram originalmente com exigências de democracia por uma parte do povo, foram suprimidos por ferozes ataques fascistas, a Síria tornou-se o campo de batalha dos imperialistas e das potências regionais reaccionárias. A marcha do HTS mostra que as massas, incluindo até mesmo os militares, retiraram todo o apoio a Assad. Esse é também o preço que ele teve de pagar porque o seu regime também oprimiu brutalmente as minorias étnicas/nacionais e religiosas. A Rússia, na sua estratégia por poder e influência política na região, abandonou a Síria, nomeadamente devido à sua concentração de forças na Ucrânia. Assad fugiu para Moscovo, para junto do seu aliado próximo.

A capital Damasco e outras cidades sírias foram tomadas militarmente por uma aliança liderada pelo grupo islamita HTS (Hayat Tahrir al-Sham) no espaço de duas semanas. O grupo tem raízes na Al-Qaeda e está ligado à Jabhat al-Nusra e actua com Erdogan como pano de fundo. Mas os novos detentores do poder também são recebidos como "boas notícias" pelos EUA e pela UE. Trata-se de uma reação ao enfraquecimento da influência, sobretudo do Irão e da Rússia na Síria, que estão fortemente empenhados na Ucrânia e no Líbano. Imediatamente após a queda de Assad, as tropas de Israel sionista ocuparam a zona fronteiriça com a Síria, abrindo uma "quarta frente". Tudo isto sublinha o facto de que este não é de modo algum um conflito interno da Síria, mas uma intensificação das contradições entre os blocos imperialistas e as potências reaccionárias e fascistas de todos os tipos. A alegria das massas pelo derrube de Assad não pode esconder o facto de que um governo democrático popular não foi de modo algum estabelecido.

Se o HTS se apresenta como purificado pela sua rutura com a Al-Qaeda e o ISIS, lembramo-nos das afirmações iniciais dos Talibãs no Afeganistão. O seu regime fascista é agora pior e mais misógino do que nunca. Mas, em parte, essas forças também se vêem aparentemente obrigadas a apresentar um rumo mais moderado para manter ou alargar a sua base de massas. Acima de tudo, porém, a luta pelo poder e influência na Síria e no Médio Oriente entre várias forças imperialistas e outras forças reaccionárias e fascistas vai intensificar-se.

Tendo em conta a gravidade da situação e a ameaça de uma nova escalada, a ICOR declara que:

1. A ICOR condena veementemente os grupos terroristas apoiados pelo imperialismo norte-americano, pelo imperialismo russo, pelo regime fascista e membro da NATO - a Turquia - e por Israel sionista, bem como por todas as outras potências estrangeiras envolvidas, com os quais continuam a série de crimes que cometeram anteriormente para ocupar e dividir a Síria. NENHUMA potência imperialista trará paz duradoura ao povo da Síria. Todas as tropas estrangeiras, incluindo as da Rússia, dos EUA, da Turquia, do Irão e de Israel, devem abandonar imediatamente a Síria.

2. A ICOR condena veementemente os ataques e as tentativas de aniquilação contra o governo autónomo de Rojava e a sua autonomia democrática.

3. A ICOR condena a agressão israelo-sionista contra a Síria e a ocupação de novos territórios sírios. A ICOR faz notar que o foco imperialista-sionista, com a sua quarta frente, agora também na Síria, nesta fase da brutal guerra de extermínio contra o povo palestiniano, prossegue ainda mais o delírio de uma Grande Israel. Tudo isto mostra que as potências imperialistas e as potências regionais fascistas, especialmente o Estado turco fascista, perseguem os seus próprios interesses e só prejudicam os povos da Síria.

4. A ICOR considera que a abertura da frente de guerra na Síria e o estabelecimento de alvos na Síria constituem um elemento adicional no projeto de reordenamento imperialista da Ásia Ocidental/Médio Oriente. Considera que o Estado turco pretende, acima de tudo, impedir o direito à autodeterminação da nação curda, incluindo o direito ao seu próprio Estado, e destruir a administração autónoma em Rojava.

5. A ICOR considera que os grupos fascistas islâmicos são um instrumento do imperialismo. A ICOR declara que as intervenções estão a intensificar o sofrimento dos povos da Síria, intensificando a pobreza, a exploração e a opressão, especialmente para os trabalhadores, as mulheres e a juventude. Estão a forçar a migração e a devastar a natureza. Uma Síria pacífica, em benefício de todos os povos que nela vivem, só pode ser obra das forças progressistas e revolucionárias da própria Síria. A ICOR apela a todos os comunistas e revolucionários de todo o mundo para que lutem contra as intervenções imperialistas e se unam na resistência contra o imperialismo e o fascismo.

O futuro da Síria não reside nem num Estado dominado pelos islamistas nem numa Síria dividida para servir os interesses dos imperialistas e das potências regionais.

O futuro da Síria reside numa Síria democrática onde os povos vivam juntos em liberdade e em condições de igualdade, onde os trabalhadores detenham o poder.

O futuro da Síria deve ser decidido pelos povos que nela vivem.

Parem as agressões imperialistas e israelo-sionistas na Síria!

Por uma Síria livre e democrática, sem ingerências imperialistas e reaccionárias!

Reforçar a perspectiva socialista!

Proteger a Rojava autónoma e democrática!

Reforçar a ideia do internacionalismo proletário e fortalecer a ICOR!

Estado dos signatários a 19.12.2024. Mais signatários são possíveis. Listas actual de signatários em www.icor.info

  1. ORC Organisation Révolutionnaire du Congo (Organização Revolucionária do Congo)
  2. UPC-Manidem Union des Populations du Cameroun - Manifeste National pour l'Instauration de la Démocratie (União das Populações dos Camarões - Manifesto nacional para o estabelecimento da democracia)
  3. CPSA (ML) Communist Party of South Africa (Marxist-Leninist) (Partido Comunista da África do Sul (Marxista-Leninista))
  4. PPDS Parti Patriotique Démocratique Socialiste (Partido Patriótico Democrático Socialista), Tunísia
  5. SPB Partido Socialista do Bangladesh
  6. SPB(M) Partido Socialista do Bangladesh (Marxista)
  7. Ranjbaran Hezb-e Ranjbaran-e Iran (Partido Proletário do Irão)
  8. NCP (Mashal) Partido Comunista do Nepal (Mashal)
  9. RUFN Revolutionary United Front of Nepal (Frente Única Revolucionária do Nepal)
  10. CPA/ML Communist Party of Australia (Marxist-Leninist) (Partido Comunista de Australia (Marxista-Leninista))
  11. Krasnyj Klin (Grupo de Comunistas Revolucionários"Krasnyj Klin" [Cunha Vermelha]), Bielorrussia
  12. БКП Българска Комунистическа Партия (Partido Comunista da Bulgária)
  13. PR-ByH Partija Rada - ByH (Party of Labor - Bosnia and Herzegovina)
  14. MLPD Marxistisch-Leninistische Partei Deutschlands (Partido Marxista-Leninista da Alemanha)
  15. UPML Union Prolétarienne Marxiste-Léniniste (União Marxista-Leninista Proletária), França
  16. BP (NK-T) Bolşevik Parti (Kuzey Kürdistan-Türkiye) (Partido Bolchevique (Curdistão do Norte-Turquia))
  17. KOL Kommunistische Organisation Luxemburg (Organização Comunista do Luxemburgo)
  18. RM Rode Morgen (Amanhecer Vermelho), Países Baixos
  19. UMLP União Marxista-Leninista Portuguesa
  20. RMP Российская маоистская партия (Partido Maoista Russo)
  21. MLKP Marxist-Leninist Komünist Parti Türkiye / Kürdistan (Partido Marxista-Leninista da Turquia/ Curdistão)
  22. KSRD Koordinazionnyj Sowjet Rabotschewo Dvizhenija (Concelho de Coordenação do Movimento da Classe Trabalhadora), Ucrânia
  23. PCC-M Partido Comunista de Colombia – Maoista
  24. PCP (independiente) Partido Comunista Paraguaio (independente)
  25. PC (ML) Partido Comunista (Marxista Leninista), República Dominicana
  26. SUCI (C) Socialist Unity Center of India (Communist) Centro de Unidade Socialista da Índia (Comunista)
  27. CPPDM China People's Party in Defense of Mao Zedong (Partido do Povo Chinês para a Defesa de Mao Tsé-Tung)